Tenho andado a refletir sobre a diferença entre perder ou vender um negócio. À partida muitos diriam que no caso da venda, o vendedor ganharia dinheiro, mas o que acontece quando o negócio envolve centenas de outros negócios? Transações e milhares de micro negócios e empresas associados a um bem que será vendido?
Depois de ter visto o Pingo Doce a ser vendido aos holandeses, a EDP aos chineses, parte do Millenium à filha do presidente Eduardo dos Santos, estava na hora de ver também a percentagem infíma mas preciosa para Portugal de 15% da barragem de Kaho-Bassa ser vendida aos moçambicanos. Não é que eu tenha nada contra o multiculturalismo mas o que me pergunto é como é que Portugal será capaz de manter uma auto suficiência financeira se estamos a ser controlados e subjugados por outros. Fiquei ainda mais perplexa com a posição de Passos de Coellho em Moçambique enquanto falava com um grupo de crianças que trabalhavam o vime para fazer cestos: " E então quanto tempo se demora para se tornar mestre?" Como se as crianças tivessem tempo para pensar no tempo de serem mestres enquando estavam mais ocupadas em manter a sua própria subsitência. Em nenhum momento se ouviu falar de trabalho infantil durante a peça jornalística, porque os moçambicanos sabem o quão importante é ser independente, enquanto Portugal esteve ali para vender mais uma parte do seu passado histórico e da sua economia transnacional. Entendo que tudo esteja a ser feito para cobrir a dívida para o exterior, mas este é o preço que todos teremos de pagar? Dona Antónia Ferreirinha sabia já em 1863 que ao vender parcelas de terreno do Douro aos ingleses estava a perder negócio e preferiu comprar o vinho aos agricultores para manter o Douro português. É importante mais do que nunca que os nossos líderes se mantenham atentos e menos desesperados e pensem em soluções menos evidentes mas mais eficazes.
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