Uma mulher pode morrer mas não morre o ideal. Este pensamento pode até soar platonista ou romântico, mas a verdade é que o espiritual prevalece além do material. Tenho andado a reflectir sobre isso depois de me ter debruçado sobre alguma da historicidade iconográfica portuguesa. O meu pensamento vagueia entre a história de Santa Bárbara, Santa Iria e Santa Quitéria. Todas estas mulheres foram consideradas santas e todas morreram à mercê de algum homem que as queria fazer noivar. A ideia era fazê-las renunciar não só à sua religião como de igual modo às suas convições...Intriga-me as atrocidades cometidas por exemplo a Santa Bárbara cujos seios foram decepados antes de ser degolada assim como a " beberagem" dada pelo monge a Santa Iria de Tomar para provocar sinais de "prenhez" na mulher. Existem muitos mistérios ainda a descobrir por uma boa investigação: até hoje não se sabe se a bebida venenosa oferecida pelo monge tinha como objectivo fazer Iria disforme, se estava grávida e foi assassinada como sugerem as histórias por um "servo de Remigildo"(um dos seus nobres admiradores) como ilustram os azulejos da Igreja que tem o mesmo nome da Santa, se a bebida foi dada por ciúmes e raiva por não poder ter qualquer tipo de relacionamento carnal ou se a história verdadeira é a que contam os locais de Tomar: na versão popular Santa Iria foi levada a uma torre e decapitada por ter recusado o matrimónio.
Quando se pensa na história de sangue e de violência relacionado com Santa Bárbara e Santa Iria nunca se imagina que a mesma história teve eco mais oito vezes, desta vez pela história de mais oito mulheres santas, degoladas, queimadas, perseguidas...Reza a história que todas as oito gémeas de Santa Quitéria nascida em Braga e executada em Felgueiras tiveram o mesmo destino.
É de alguma forma icónico ou simbólico que Iria, Bárbara e Quitéria tenham sido julgadas num alto como se de alguma forma a justiça popular pudesse ser mais visível a Deus...Serão todas estas histórias factos históricos que mostram a ira popular contra a rebeldia feminina? Serão estas histórias moldes icónicos com a finalidade de educar e de civilizar? Ou será este um padrão triste que a história repete?
Costumo dizer que nada na vida é por acaso...tenho devoção por Stª Barbara e por Stª Quitéria...
ResponderEliminarO mundo ainda não é um sítio bonito para as mulheres
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